Indígena Pataxó é morto em ataque no Território de Barra Velha; Conpaca denuncia ação de pistoleiros e cobra justiça. SSP-BA reforça segurança e investiga crime, enquanto indígenas relatam ameaças e incêndio em aldeia.

Indígena Vitor Braga Braz, de 53 anos, foi brutalmente assassinado na noite da última segunda-feira (10) no Território Indígena (TI) Barra Velha de Monte Pascoal, no extremo sul da Bahia. De acordo com o Conselho de Caciques Pataxó (Conpaca), o crime foi cometido por pistoleiros a serviço de fazendeiros da região. Além da vítima fatal, outro indígena, de 25 anos, também foi ferido no ataque.

A violência ocorreu em uma área de disputa fundiária que abrange os municípios de Itabela, Itamaraju, Prado e Porto Seguro. O Conpaca afirma que o assassinato aconteceu em Porto Seguro, enquanto a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) alegam que o crime ocorreu em Prado. As duas cidades são separadas por um rio.

Desaparecimento e localização de adolescentes

Após o ataque, dois adolescentes indígenas desapareceram, aumentando a tensão na comunidade. No entanto, na noite desta terça-feira (11), o cacique Zeca Pataxó confirmou que os jovens foram encontrados e estão bem.

Polícia investiga e reforça segurança

A Delegacia Territorial de Prado instaurou um inquérito para apurar o crime, enquanto a SSP-BA anunciou o envio da Força Integrada de Combate a Crimes Comuns Envolvendo Povos e Comunidades Tradicionais para reforçar a segurança na Aldeia Terra Vista, em Prado. O objetivo é identificar e prender os responsáveis pelo ataque.

Conpaca denuncia violência constante

Para o Conpaca, o assassinato é mais um episódio da escalada de violência contra o povo Pataxó. Em nota, o conselho repudiou o ataque e afirmou que a comunidade não aceitará a ocupação ilegal de suas terras.

“Não entregaremos nosso território a invasores que, com suas mãos manchadas de sangue, tentam nos exterminar. Nossa luta é pela sobrevivência e pelo respeito aos nossos direitos.”

O cacique Antônio José, em vídeo enviado à Redação Fala Porto News, destacou que a falta de demarcação das terras indígenas tem incentivado ataques contra os Pataxó. Segundo ele, agressões como essa ocorrem de forma frequente na região.

Incêndio criminoso na Aldeia Monte Dourado

Na mesma terça-feira (11), um incêndio atingiu a casa do cacique da Aldeia Monte Dourado, no território Comuxatiba. Imagens mostram a residência tomada pelas chamas, mas os danos ainda estão sendo avaliados. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também condenou os ataques e ressaltou que a violência acontece no momento em que lideranças indígenas participam de uma audiência pública em Brasília sobre a demarcação das Terras Indígenas Tupinambá de Olivença, Tupinambá de Belmonte e Barra Velha do Monte Pascoal.

Governo federal cobra investigações

Diante da gravidade dos fatos, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) declarou que cobrará rigor na investigação e na responsabilização dos envolvidos. Além disso, garantiu que acionará a rede de proteção de crianças e adolescentes para reforçar medidas de segurança na região.

Conflito territorial e resistência indígena

O TI Barra Velha do Monte Pascoal possui 52,7 mil hectares e há anos enfrenta um impasse devido à demora na sua demarcação oficial. Segundo o Cimi, a reação de fazendeiros tem sido violenta, enquanto os indígenas resistem à ocupação de suas terras e seguem cobrando seus direitos históricos.

A comunidade Pataxó permanece mobilizada, exigindo justiça para Vitor Braga Braz e o fim dos ataques que ameaçam sua existência e cultura.

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